Por Cintia Anton
O filme brasileiro "Quanto vale ou é por quilo?" de Bianchi, é uma comprovação de que nem tudo parece ser como verdadeiramente é. É preciso mais atenção perante as ações sociais de algumas empresas hoje no Brasil. Falo especificamento do Brasil, pois o filme retrata a realidade deste país na época da escravidão, onde os negros eram comercializados por mil réis e respondiam a um senhor (branco), e nos dias atuais, enfatizando muito a pobreza, a discriminação, a postura de Ongs e algumas empresas. O filme coloca de maneira descarada a condição que certas empresas impõe ao tentar fazer ou induzir o marketing social, comprando a imagem de uma pessoa, com bonés, bonecas, comida, roupas, ações errôneas que de uma maneira inconsequente auxília na permanência, lucratividade e gera imagem no mercado atual.
O filme amplifica e mostra a realidade dura de miseráveis no país, amplamente forte e com cenas impressionantes, sendo difícil escapar de críticas. É uma metralhadora que acerta Ongs, políticos, mal feitores, publicidade, enfim, gente que se aproveita da miséria para o seu fortalecimento, parecido como era na época da escravidão. Também é claramente notável a proposta do autor ao fazer esta comparação, visto que pouca coisa mudou no quesito social no país. Anotei uma frase em que ele fala "De acordo com os dados da arrecadação das aproximadas 20.000 organizações não governamentais, num prazo de dois anos, todos os moradores de rua poderiam receber um apartamento". Impressiona né?
O que gostaria de trazer para refletirmos aqui, e que acho que caiba a nós, Relações Públicas, é a oculta realidade que programas de assistências, ações de Responsabilidade Social, campanhas de publicidade e empresas que dizem que praticam Responsabilidade Social e na verdade se baseiam em programas mal feitos, ilusórios, que prometem angariar fundos e melhorar a realidade de sua comunidade. O filme mostra o outro lado, como acontece o desvio de verba, as promessas feitas e o que é realmente cumprido, a maneira que é utilizado as ações sociais hoje, que visam estritamente a divulgação e fortalecimento da imagem deixando de lado uma assídua assistência para o crescimento da sua comunidade.
Eu entendo por ação social uma adoção de comportamento, atitudes e práticas contínuas orientadas eticamente, respeitando os direitos humanos, que tenta transformar como um determinado tipo de público pensa, percebe uma questão e tenta introduzir mudanças comportamentais. O profissional de Relações Públicas que trabalha com ações sociais deve se nortear nisso para elaborar estratégias, onde a visibilidade institucional não é prioridade e sim consequência de boas ações. Programas responsáveis devem ser encarados como uma retribuição, uma necessidade de repasse, ao que a comunidade, público importantíssimo, faz pela empresa.
Não quero colocar na berlinda empresas e Ongs que desenvolvem sérios programas sociais, apenas quero aqui expor minha opinião para o que acredito que seja um programa de marketing, realizado para obter maiores vendas e marketing social, visando o assistencialismo para a comunidade. Quero dizer que me incomoda a posição de algumas empresas que maquiam mendigos para um comercial, só para uma fotografia e em seguida viram as costas. Apoio sim as grandes iniciativas, Ongs responsáveis, profissionais éticos, mas não podemos achar sempre que cada proposta social é norteada de idoneidade ética.
Ponto de vista de Elizabeth Huber Moreira (Professora da disciplina de Relações Públicas Comunitárias e Terceiro Setor):
"O filme trata sobre a realidade social brasileira, expondo de forma contundente as imensas diferenças sociais que temos e que enxergamos retratadas nas ruas diariamente. Os muito ricos, que invariavelmente querem lucrar ainda mais, ao lado dos muito pobres, que fazem de tudo para melhorar de vida. Desta forma, o filme questiona os valores e princípios que regem as relações humanas nesta intrincada teia que forma a nossa sociedade".
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Gurias, parabéns pelo ótimo trabalho! Dois posts escolhidos entre os melhores da semana, com menos de um mês de relançamento do blog!Parabéns!!