Entrevista: Da formação ao mercado, os cenários para o profissional de comunicação

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Hoje temos o post da colega acadêmica de RP da UFRGS, Daniela Mattos, que gentilmente quis contribuir para o blog a entrevista que realizou com o Relações Públicas Wallace Ischaber.




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Diversos autores vêm trabalhando com a hipótese da função estratégica dos Relações Públicas nas organizações em função das atividades desempenhadas nesta área terem como base o planejamento. Por outro lado, cada vez mais as organizações preocupam-se com a sua imagem, em alguns momentos, mais até do que com a qualidade dos produtos ou serviços oferecidos. Entretanto, o mundo organizacional está percebendo a necessidade de mudar essa cultura do "parecer" para, de fato, "ser" aquilo que prega em sua missão, visão e valores. Tal mudança abre espaço para um perfil de profissional mais atento a essas necessidades, para a sociedade em torno da organização. Este pode ser considerado o diferencial do Relações Públicas: a capacidade de diagnosticar, prever e determinar as estratégias mais adequadas a cada situação apresentada pelo ambiente.


Para Margarida Kunsch , aos Relações Públicas cabe assessorar os dirigentes estrategicamente, percebendo as oportunidades e possíveis dificuldades na comunicação, e também na imagem institucional na sociedade com a qual a organização se relaciona. Esses profissionais, segundo a autora, que avaliarão como o comportamento dos públicos e da opinião pública poderão afetar os negócios e a existência da organização. Diante deste cenário, mais do que pensar na gestão estratégica da comunicação, é preciso que o planejamento de Relações Públicas esteja alinhado com o planejamento estratégico.


Sendo assim, o que se pretende obter com esta entrevista, são algumas respostas acerca da prática das relações públicas, e se os profissionais atuantes no mercado, aqui representado por Wallace Ischaber, levam além da graduação esses preceitos intrínsecos à área. Pretende-se, com o material disponibilizado em formato de entrevista, demonstrar os caminhos possíveis para o Relações Públicas através da trajetória deste profissional que conseguiu, e consegue, vislumbrar na sua formação oportunidades sem limites. O qual observa que o mercado está aberto para aqueles que conseguem fazer bem o seu trabalho e trazer resultados para a empresa assessorada.




Wallace Ischaber, tem 34 anos, graduado em Relações Públicas em 2004 - Belo Horizonte/MG. O profissional mostra-se bastante convicto em relação à escolha da sua profissão. Em parte da sua carreira esteve envolvido com o meio acadêmico e conquistou alguns prêmios importantes. Apesar disso, segundo ele, seu lado prático sempre “falou” mais alto do que o teórico. Assim, ele deixou a vida acadêmica e resolveu enfrentar o mercado. E é nesse momento que sentiu a necessidade de procurar outras especializações, todas elas com algum vínculo à formação de RP, a qual define como “1ª e principal formação”. Atualmente Wallace atua como consultor e assessor, desenvolvendo projetos de relações públicas para pequenas e médias empresas e entidades de terceiro setor, atua também na área política e é assessor de comunicação digital do Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas – CONFERP.



ENTREVISTA: Wallace Ischaber “Tenho orgulho em falar: sou Relações Públicas”


Conte-nos um pouco sobre a sua trajetória profissional. Vimos que você tem várias especializações, o que fez você buscar a carreira de Relações Públicas?


WALLACE: Na verdade a minha 1ª e principal formação é a de Relações Públicas. Tenho orgulho em falar: “Sou Relações Públicas”! Em meu início de carreira fui muito ligado à área acadêmica, ainda como aluno atuava em uma agência experimental de Relações Públicas da instituição onde graduei, antes de concluir o curso eu já estava como coordenador adjunto desta agência. Então eu estava muito próximo de alunos e vivenciando e compartilhando experiências com professores. Neste período, conquistei algumas indicações e prêmios, em 2007 fui indicado ao Prêmio RP do Brasil - Categoria Profissional Revelação - no site http://www.rpdobrasil.com.br/, em 2006 obtive o 1º Lugar como Relações Públicas em Newsletter Digital em Comunicação e Cidadania e 3º Lugar em Eventos na 13ª EXPOCOM. Em 2005 conquistei o 2° Lugar no XXIII Concurso Nacional Universitário de Monografias e Projetos Experimentais de Relações Públicas - ABRP São Paulo - Categoria: Organizações do Terceiro Setor e o 1º Lugar com a Agência Júnior Experimental de Relações Públicas 12ª EXPOCOM, dentre outros.Mas meu lado prático sempre “falou” mais alto que o teórico. Desejando alçar outros vôos, deixei a vida acadêmica e fui ganhar asas no mercado. Minhas especializações vieram da necessidade imposta pelo mercado. Hoje uma simples graduação não é base para concorrer no acirrado mercado de trabalho. Mas não procurei especializações muito diferentes de minha realidade que sempre foi comunicação e RP. Atualmente são elas: Pós em Marketing, Comunicação Coorporativa, Comunicação Digital, Administração e Recursos Humanos.




Quais as suas atividades hoje?

WALLACE: Como filho mais velho, em uma família tradicional mineira, voltei ao lar e hoje sou responsável pelos negócios da família. Administro duas empresas em ramos bem diferentes, uma empresa de porte médio cujo negócio é manutenção de máquinas pesadas de mineração e a outra é uma transportadora interestadual de pequeno porte.Minha atividade principal ainda é a comunicação e as relações públicas, de onde vem meu sustento, meu “ganha pão”. Atuo como consultor e assessor, desenvolvendo projetos de relações públicas para pequenas e médias empresas e entidades de terceiro setor. Na área política, atuo na criação e gestão de campanhas, assim como assessoramento político para entidades e pessoas públicas em cargos eletivos. Também contribuo com minha profissão, sou assessor de comunicação digital do Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas – CONFERP.




“Um curso superior também molda o senso crítico das pessoas.”




A sua formação como Relações Públicas é importante para o trabalho que você desenvolve?

WALLACE: Minha formação é tudo! Sem ela não existo, não teria como realizar o meu trabalho, o cerne de tudo que desenvolvo e faço foi aprendido na minha formação em Relações Públicas. É como médico, só é quem fez medicina. RP só é quem fez RP.Em minhas outras atividades já mencionadas, a formação de RP também é importantíssima. Uma formação em Relações Públicas não é um simples curso técnico, é um curso de ensino superior completo, onde também existe a grade básica e de suporte. É um curso de “formação” e profissionalização. Além de formar profissionais de Relações Públicas, formam e moldam pessoas também. Um curso superior também molda o senso crítico das pessoas.


Em sua opinião, a área de comunicação tem o espaço que merece no cenário das organizações contemporâneas?


WALLACE: A área de comunicação tem mais espaço do que merece. Hoje a preocupação é a comunicação, é a imagem e a publicização das ações.Nunca a comunicação teve tanto espaço nas organizações, para reduzir gastos, para aumentar vendas, para projetar imagem, para resolver ou fugir de problemas.



Quais profissionais compõem a Assessoria de Comunicação em que você atua? Há uma divisão clara nas atividades desenvolvidas entre as habilitações?


WALLACE: Hoje dependendo do projeto, trabalho com vários profissionais de várias áreas, de fotógrafos à titereiros. A multidisciplinaridade na comunicação é muito abrangente. Mas cada um faz aquilo que mais entende, não adianta demandar a confecção de um release a um publicitário ou o planejamento de percepção de imagem a um jornalista ou a criação de uma peça a um RP. É cada um no seu quadrado.



Em sua opinião, o profissional de Relações Públicas possui um papel de estrategista/estratégico ou ainda trabalha como executor de tarefas?


WALLACE: Depende do profissional, conheço e já trabalhei com profissionais de RP excelentes estrategistas e já trabalhei também com excelentes RP’s tarefeiros. Depende do perfil e da área de atuação daquele profissional.



Até que ponto você, como profissional de Relações Públicas, tem autonomia de tomar decisões na gestão da Comunicação Organizacional das organizações assessoradas?


WALLACE: É muito engraçada esta pergunta, até um médico tem limites na sua tomada de decisões, hora depende da ética, hora depende dos familiares do paciente. Com o profissional de relações públicas é a mesma coisa, vai depender do seu nível hierárquico, de sua função, da verba para o projeto ou setor e até mesmo do estado de espírito do patrão.Como assessor devo fazer o que me demandam, como consultor depende do cliente acatar as sugestões ou não, como administrador do próprio negócio, depende do meu desejo e vontade.


Quais as mudanças e os desafios para as Relações Públicas em um cenário de convergência e de ênfase na comunicação digital?


WALLACE: Hoje o profissional deve ser ágil, deve prever tudo. Vislumbrar os cenários, ter bom arcabouço teórico, se atualizar, ser “antenado”. Na prática pouca coisa mudou. Não ficou mais difícil, ficou mais rápido. O Profissional de RP deve ter respostas rápidas. Em compensação, multiplicaram as ferramentas e os meios. Há 15 anos, por exemplo, você não atingia um público interno ou “chão de fábrica” de uma metalurgia utilizando o e-mail, hoje estamos à frente do e-mail, com SMS, redes sociais e etc, isso só para citar como um exemplo rasteiro.



Quais as perspectivas para o profissional de Relações Públicas? Quais são as oportunidades hoje, em sua opinião, em que os profissionais de Relações Públicas podem empreender?


WALLACE: O mercado esta crescendo muito, mas se tornando também bastante exigente. Hoje temos oportunidades em todos os ramos e segmentos, basta abrir a cabeça, atender da melhor forma e superando as expectativas para dar aquilo que o cliente precisa. Alguns anos atrás, trabalhar a comunicação e imagem era coisa de empresa muito grande, multinacional ou grande empresa pública. Hoje qualquer negócio, empresa ou pessoa pública sabe da necessidade da construção de imagem e maximização dos lucros. O campo esta aberto, basta ser bom naquilo que faz. Durante toda a história de nossa sociedade, para os bons o espaço está garantido. Tem que saber fazer o trabalho direito e trazer resultados.




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Referências:
KUNSCH, M. M. K. . Planejamento e gestão estratégica de relações públicas nas organizações contemporâneas. In: VIII Congresso Latino-Americano de Pesquisadores da Comunicação, 2006, São Leopoldo, RS. VIII Congresso Latino-Americano de Pesquisadores da Comunicação. São Leopoldo, RS : Unisinos, 2006. v. 1. Disponível em: http://www.unirevista.unisinos.br/_pdf/UNIrev_Kunsch.PDF Acessado em 07/12/2011.

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