Planejando uma candidatura

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A época é de eleições e pipocam pela web textos sobre o tema. O presente post não tem o intuito de ser repetitivo, mais do mesmo, mas gostaria de trazer algumas questões pra contribuir e discutir um pouco mais sobre esse assunto que está em pauta.

Semestre passado, tivemos aqui na UNISC a palestra da RP Ilza do Canto, assessora da bancada do PT em Porto Alegre. Na sua fala, Ilza trouxe como foi realizado o planejamento da campanha do candidato que ela assessorava, Marcelo Danéris, que concorria à vice-prefeitura de Porto Alegre nas eleições de 2008.

A partir da fala dela, podem-se levantar algumas questões que são importantes para planejar e executar uma campanha eleitoral para um candidato.

Primeiramente, é importante fazer um monitoramento do que até então está saindo na mídia, principalmente na local. Monitorar e diagnosticar, também, como está o cenário político municipal (no caso de eleições para prefeitura), quais os partidos mais fortes, quais as percepções das pessoas a respeito dos partidos mais presentes e atuantes na cidade e analisar como está a situação dos partidos perante a mídia.

Após, deve-se e conhecer quais os possíveis candidatos e, assim, fazer uma pesquisa de opinião para ver como está a reputação destes, bem como ter conhecimento de qual o posicionamento dos candidatos perante o público.

Com isso, começa-se a traçar o perfil do candidato que se está a assessorar. É importante também, nesse primeiro momento, analisar quais as principais características pessoais e habilidades do candidato, para que se possa salientar aquilo que poderá dar mais destaque e chamar a atenção.

A partir disso, é chegada a hora de construir a imagem do candidato, levanto em conta algumas questões, dando ênfase a apresentação pessoal, ao conteúdo, contatos diretos e agendas políticas. Segundo Ilza, ela e a equipe nortearam o planejamento da seguinte forma:

  • Embalagem: valorizar a estética, definindo vestimenta com características e cores padrão, para facilitar a associação à imagem do candidato. Por exemplo: o então candidato assessorado por Ilza teve como padrão a cor azul. Quando aparecia ao lado da candidata à prefeitura, faziam com que suas cores fossem semelhantes, para fixar melhor a imagem da dupla de candidatos. Ilza comentou que era importante a associação dos dois candidatos, visto que a imagem da candidata à prefeitura era mais forte do que a do seu candidato, concorrente à vice-prefeitura. Por isso, a preocupação em aproximar a imagem dos dois para uma melhor lembrança.
  • Conteúdo: como se tratava de um candidato com um ótimo currículo quanto a estudos, procurou-se valorizar sua formação intelectual, adequando a linguagem do seu discurso político de forma a ressaltar essa característica, porém não deixando que se afastasse demais da linguagem voltada ao público.
  • Visibilidade: a agenda do candidato é parte essencial da candidatura, pois é desse modo que ele irá penetrar nos grupos que pretende atingir, levando de maneira eficaz seu discurso. Por isso, buscou-se fazer com que o candidato tivesse uma forte presença em mobilizações políticas onde haveria lideranças presentes, debates, eventos relativos à cidade, etc. É importante, nessa etapa, ter um estudo detalhado sobre as principais questões da cidade, necessidades e anseios da população, para que o candidato esteja muito bem articulado na hora de responder as questões, demonstrando conhecimento adequado.
  • Divulgação: procurou-se sempre ter a imagem do candidato associada à imagem da candidata à prefeita, mas também destacar e solidificar uma imagem própria do candidato-vice. Para isso, foram feitas ações próprias para ele, como programas: espaço do vice, notícias do vice e material específico do vice.
  • Diferenciação: esse é o momento de analisar o que o candidato tem que o diferencia dos demais. Sendo assim, destacou-se no candidato o seu conteúdo e seu perfil pessoal, pois se tratava de um homem distinto e inteligente.

O candidato e sua companheira não ganharam as eleições, porém a imagem e o conhecimento a respeito do candidato tiveram um crescimento significativo, fazendo com que o planejamento de sua campanha tivesse um grande êxito. Como souberam disso? Muita pesquisa de opinião, algo que deve acompanhar ininterruptamente qualquer campanha política e eleitoral, seja de prefeitos, vereadores, governadores, presidentes e etc. Pesquisa e monitoramento antes, durante e depois, sempre.

Como mostra com grande qualidade Ilza do Canto, o planejamento e acompanhamento de uma candidatura, seja do tamanho e natureza que for, apresenta um ótimo campo de atuação para os profissionais de Relações Públicas. Trata-se de um profissional que é preparado a agir de forma a auxiliar e executar todas as fases que são necessárias a uma campanha eleitoral, como traçar um planejamento completo, com ações e estratégias bem definidas e consolidadas a partir de uma pesquisa bem elaborada e aplicada, colhendo as informações certas e necessárias para a implantação das atividades.

Porém o trabalho não acaba quando as eleições chegarem ao fim. Uma gestão política requer tanto esforço, dedicação e trabalho estratégico quanto uma candidatura. Por isso, o mais indicado é que a equipe de assessoria à comunicação, e nela os Relações Públicas, também permaneça atuando juntamente com as demais equipes de um governo.


Esse post procurou demonstrar, de forma mais prática, um pouco de como é feita e planejada uma campanha para um candidato político local. No próximo post, o intuito será trazer, também de forma prática, como é feito o planejamento e condução de uma campanha de um candidato a nível de governo nacional.

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