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Hoje o uniRP traz uma entrevista com o Relações Públicas Pedro Prochno, do blog Relações, feita por Gilberto Rodrigues, aluno do 2º semestre de Relações Públicas pelas Faculdades Integradas Rio Branco. A entrevista foi um trabalho para a disciplina de Estudos Interdisciplinares I.
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Pedro é formado pela Universidade Metodista de São Paulo e atua em Relações Governamentais.
Gilberto: Pedro, o que fez você escolher a profissão de Relações Públicas?
Pedro Prochno: Bom, quando eu estava para prestar faculdade, pra definir o que ia fazer, eu não tinha muita ideia do que queria. Sabendo que gostava bastante de lidar com pessoas, de estar fazendo diferentes coisas, e tinha um amigo que estava fazendo Relações Públicas já, na Metodista, e me contou sobre a profissão, o mercado, o que faz um Relações Públicas, e isso me chamou muita atenção. Ai eu fui conhecer o trabalho de RP em algumas agências, me interessei muito e acabei prestando, fazendo a faculdade e adorei.
G: Qual área você acha mais interessante em RP? Como eventos, mkt pessoal...
PP: Eu acho RP como um todo interessante justamente pela possibilidade de você poder lidar com várias áreas diferentes, com várias coisas diferentes, como eventos, mkt pessoal, comunicação organizacional, assessoria de imprensa e por aí vai. Eu gosto muito mais de gerenciamento de crise, algo que me chama muita atenção, eu tenho bastante gosto. Eu já trabalhei com isso, ainda bem, e relações governamentais, que é o que eu faço hoje.
G: O que você acha dessa reformulação da grade curricular que o MEC está fazendo com o curso de RP?
PP: Eu não tenho uma opinião formada sobre isso. Eu li pouco, pra dizer a verdade, sobre o assunto. Participei, sim, da consulta pública que o MEC está fazendo, dei minha opinião sobre como deve ser o perfil, o que a faculdade de RP deve ter como grade, porque ai sim, temos que formar um profissional multidisciplinar, mas acho que é importante, se for pra adequar o curso de RP em um cenário que vem surgindo no mundo. Agora com aquela ideia que eles têm de transformar isso numa faculdade de comunicação corporativa, eu não concordo muito.
G: O profissional de RP nos EUA é aquele que pode ser considerado o braço direito do presidente em algumas organizações. Tem conhecimento em finanças, administração, economia... Você acha que falta esse tipo de conhecimento nos profissionais de RP aqui no Brasil?
PP: Primeira coisa que devemos separar, é que RP nos EUA é uma pós-graduação e não uma graduação, e aqui no Brasil a gente começa RP como uma graduação. Começa ai o primeiro diferencial disso. Nos EUA, o RP já tem bastante tempo, nasceu lá praticamente a profissão. Se desenvolveu durante um tempo de uma forma bastante legal. Eu acho que falta um pouco de interesse dos profissionais aqui no Brasil, em querer aprender e agregar cada vez mais conhecimento para se tornarem estratégicos dentro das organizações. Isso vai de cada um, mas não conseguimos fazer isso simplesmente com apenas quatro anos de faculdade, então é preciso continuar estudando, continuar indo atrás para poder adquirir esse conhecimento que é importante, sim, para que nos tornemos estratégicos dentro das organizações.
G: Em sua opinião, qual o melhor perfil para ser um profissional de RP?
PP: Tem que ser uma pessoa dedicada, curiosa, interessada, porque temos aí todos os desafios que a nossa categoria tem, que sabemos quais são. Ter disposição a abraçar isso e enfrentar os problemas para poder desenvolver RP na plenitude, se não tem que procurar outra área, não adianta querer fazer RP, a meu ver, e querer trabalhar fechado em um segmento. É um direito da pessoa, mas a minha visão é que um RP, se tem tanta capacidade, capacitação para desenvolver diferentes coisas, porque não explorar tudo isso e aplicar em sua plenitude?
G: Vc disse que a área RP é vista como um todo, não muito em áreas separadas. Mas qual área de Relações Públicas está em mais ascensão no mercado?
PP: Temos em ascensão o mkt pessoal, que está aparecendo para pessoas públicas. Os RP estão sendo procurados para isso. É uma área que está se desenvolvendo bastante. Comunicação corporativa, claro, também, mas no sentido de promover uma aproximação e um envolvimento maior com públicos estratégicos, tem-se desenvolvido bastante no mercado.
G: Voltando um pouco para a parte organizacional: você acha que toda grande empresa é obrigada a ter um Relações Públicas ou uma agência supriria essa necessidade?
PP: Acho que ninguém é obrigado a nada. Ou tem porque quer, ou porque acredita no serviço ou na capacidade de um profissional ou de uma agência. Claro que, na realidade do mercado brasileiro, as empresas tendem a procurar mais uma agência do que ter um profissional desses dentro de casa. Mas ter um profissional desses em uma organização é muito importante justamente pela visão estratégica que o RP tem de poder enxergar o todo de uma organização e poder desenvolver estratégias de desenvolvimento e crescimento dentro da empresa.
G: Voltando um pouco, falando sobre RP como um todo, há alguma outra graduação que possa exercer RP, sem ser a própria RP?
PP: Não sei. Diria que não, na verdade. O mais que se aproximaria... Tem que ser alguma coisa complementar, por exemplo, uma faculdade de administração e uma pós em comunicação corporativa. Aí sim o profissional começa a se capacitar um pouco, mas título de graduação acredito que não, o que a gente tem são várias graduações que suprem algumas funções de um RP. O que é o mercado de RP, também não tem como tomar conta de tudo e nem deve. Precisamos de todos os profissionais da área de comunicação.
G: Então você acha que um publicitário, um jornalista, não seria capaz de exercer essa profissão tão bem quanto um RP?
PP: Eu acho que não em função da visão holística que o RP tem. Por exemplo, hoje temos muitos publicitários, principalmente publicitários, que têm uma visão grande e bastante holística de diversos assuntos e das organizações e conseguem exercer isso, mas não em função de ter uma faculdade de publicidade, mas sim de terem desenvolvidos e agregados outro conhecimentos que os capacitaram para fazer isso.
G: Você disse pra gente que atua na área de relações governamentais. Você poderia falar um pouco mais dessa sua rotina, dessa sua área de relações governamentais, do que seria?
PP: Em relações governamentais a gente, na verdade, monitora o governo dentro das empresas privadas. Ajudamos essas empresas privadas a entenderem o funcionamento do governo e a se relacionarem com ele, a se aproximarem com ele, que é o Relações Públicas Governamentais que aprendemos na faculdade um pouquinho mais à frente.
G: Com essa ascensão das mídias sócias, em sua opinião Pedro, qual a importância do Relações Públicas com essa nova ferramenta de comunicação nas organizações? Essa função pode ser aplicada apenas por um RP?
PP: Nossa! Eu dei um depoimento para um blog do Eloy Vieira, ainda semana passada, no fim da sexta-feira sobre exatamente o mesmo assunto. Acho que essa função não precisa ser executada apenas por um RP, tem outras pessoas que podem fazer, e eu acho que aí está o grande mercado também para os RP’s, porque ser o RP digital, lidar com redes sociais, é aplicar a profissão em sua plenitude, uma vez que temos que gerenciar crises ali dentro, gerenciar relacionamentos, divulgar conteúdo, informação, se relacionar com diversos públicos, definir estratégias que queremos ali dentro, pois não basta falar, temos que saber ouvir também. Aí entra comunicação de duas vias, claro, então acho que é um mercado bastante interessante pro RP, não que deva ser executado apenas por um RP.
G: Tanto é que, cada dia mais, as empresas estão mais na internet, nas redes sociais, do que nunca.
PP: Claro, até porque eles têm um grande poder de comunicação...
G: E é em massa.
PP: ... E é uma coisa barata, relativamente barata hoje, se você comparar com outras formas de divulgação.
G: Para concluirmos Pedro, que conselho você daria pra quem está começando na carreira de RP?
PP: O primeiro conselho é ir atrás do que se quer. Não adianta entrar na faculdade e esperar que um emprego de RP extremamente estratégico vai cair na sua mão da noite para o dia. Precisa estar afim, precisa ir atrás, precisa conhecer. Eu acho que a primeira coisa que eu sugiro pra quem está entrando hoje na faculdade, e quer e gosta de RP, é tentar fazer estágios na área, mas em diferentes áreas de conhecimento, para poder conhecer diferentes coisas. Isso que acho que é o mais importante. Eu fiz isso e tem dado muito certo. O resultado está bastante bom. E conhecer durante meu tempo de faculdade, a área de eventos, assessoria de imprensa... Trabalhei como assessor de uma pessoa do mercado da moda até vir parar aqui onde eu trabalho hoje. Trabalhei inclusive com sustentabilidade, com comunicação para sustentabilidade e foi bastante interessante. Então precisa estar atento aos movimentos do mercado, e disposto a aprender e ser curioso, ir atrás e saber o que está acontecendo.
"Tem que ser uma pessoa dedicada, curiosa, interessada, porque temos aí todos os desafios que a nossa categoria tem, que sabemos quais são. Ter disposição a abraçar isso e enfrentar os problemas para poder desenvolver RP na plenitude, se não tem que procurar outra área[...]" - Pedro Prochno, Relações Públicas
Pessoal, obrigado pelo espaço :-)
Pedro Orochno
@prochno
http://relacoes.wordpress.com
O Pedro, realmente, é sempre um orgulho. Parabéns ao blog pela escolha do entrevistado, e ao próprio pelo talento e inspiração.
Obrigada pela visita de vcs! E um agradecimento especial para o aluno Gilberto, que quis compartilhar com o blog e com os demais leitores a entrevista que ele elaborou e aplicou! Ainda mais sendo com um grande profissional com a qualidade do Pedro Prochno!
Abraços!
Estou ficando sem graça :-)