Sustentabilidade também é gente?

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A fila chegava à porta. Jovens segurando as mochilas com os emblemas dos seus cursos estampados - mochilas de sonhos. Ternos, também se viam ternos, colares de pérolas e saltos altos. Independente da profissão e da diversidade social, estavam lá cerca de 300 pessoas, não sei bem o motivo, mas eu já gostava deles. Assim começava o Start – Seminário de Sustentabilidade, ocorrido na última semana em Porto Alegre.

Engana-se quem vai à eventos, palestras ou seminários achando que vai sair com as respostas prontas para encarar o mundo. Mas, o interessante da história toda é que quando verbalizamos as coisas, elas começam a tomar forma. Exato! Freud estava certo. E penso que com a sustentabilidade o caminho tem que ser este, conversar e polinizar as ideias. Foi o que fizemos.
Ok, o discurso é muito bonito, mas e a prática? Alguém aí anda discutindo sobre o tema com os amigos? Ou fica sempre aquela sensação: é um tema muito complexo e eu nunca sei o que dizer ou como me posicionar sobre o assunto?

Chegamos ao cerne da questão: será que a sustentabilidade também é gente? Ou seja, qual é o lado humano da sustentabilidade?

O tema sustentabilidade ainda é comumente abordado com complexidade, o que acaba por afastar as pessoas do assunto, o que é lógico, o que não é entendido, não merece importância, é um sentimento natural. Além disso, sobre a abordagem do tema, o discurso também se concentra na culpa, ficamos achando que somos os grandes culpados e impotentes morando na Terra, que somos os grandes sugadores de suas riquezas. Não há um discurso aproximativo.

Então, cabe a todos nós - pois todos somos formadores e disseminadores de informação - encontrar formas e ferramentas para tornar o assunto mais palpável, fazendo com que as pessoas despertem e visualizem ações nas suas vidas (talvez não conseguimos ser mais ativos por não enxergamos os impactos na nossa própria vida, no nosso escritório, na nossa casa).
Assim, eu lhes digo: a sustentabilidade também é gente! Talvez ela seja só isso. Ela depende, unicamente, da nossa educação, porque conscientes e sensibilizados nós já estamos. Ela depende de um passo, de uma definição coletiva, ela depende de uma inteligência coletiva. Mais uma vez digo: sustentabilidade não tem a ver com processos, mas com pessoas, com a mudança de atitude que pode surgir delas, máquinas nem softwares substituirão isso.

Talvez o nosso maior erro seja pensar que pequenas ações não fazem a diferença e assim nos acomodamos num mundo que gostaríamos de ver diferente. Comece de alguma forma: troque as lâmpadas fluorescentes, crie uma composteira no seu prédio para alimentos orgânicos e como diz o Zeca Baleiro, também vale um beijo no português da padaria. As grandes obras, com certeza, começaram com a verdade e com um start!


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Texto originalmente publicado no Jornal Gazeta do Sul - Caderno de Sustentabilidade - 20/08/2011.

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