Relações Públicas: uma conquista de espaço

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Ontem, na revista Meio & Mensagem, foi publicada uma entrevista com Richard Edelman (CEO da Edelman - nada mais, nada menos do que a maior empresa de Relações Públicas do mundo).

Na entrevista, imperdível - diga-se de passagem -, ele fala sobre o negócio da empresa, que primeiramente foi criada por seu pai, e que vem crescendo exponencialmente, trabalhando para grandes empresas e marcas a terem diferencial num mundo de alta competitividade. Além disso, fala também das metas e das visões de futuro dele para o negócio da empresa.

Uma parte que vale destacar é quando ele diz que a empresa não fará parte de uma holding de publicidade, pois "se entrarmos para uma grande holding, a disciplina de relações públicas se tornará subserviente à publicidade, porque, por enquanto, ela é muito maior em volume de negócios. Em uma campanha, geralmente, o criativo da agência diz “vá e faça”, e o RP faz. Nós não acreditamos mais neste modelo histórico e defendemos que as ideias que estão do lado de relações públicas vão prevalecer em relação às da publicidade daqui para frente". E complementa expondo sua opinião sobre a atualidade, perspectiva que sabemos que há anos vem se consagrando: "A razão é que mentalidade das pessoas está mudando. Antes, uma celebridade como Pelé apoiava um produto e dizia porque o estava comprando. Agora, as pessoas querem saber o que os seus amigos estão dizendo sobre o produto".

A entrevista traz de forma contundente a dualidade como ainda é vista e operada a relação Publicidade e Relações Públicas. Como Richard comenta, "A publicidade foi ótima em um período de confiança e de concentração de mídias. Mas as pessoas não acreditam mais nos governos e corporações. A publicidade representa mensagens de cima para baixo, com sua característica de ser estática e com forte impacto visual. As relações públicas, pelo contrário, são melhores em mensagens horizontais, para diversos públicos". Esse trecho é importantíssimo, mas não devemos olhar no sentido de competitividade, de disputa de posições, mas sim que os tempos estão mudando - de fato - e que a realidade e a mentalidade dos profissionais da área devem focar para esse caminho ao qual ele explica e que claramente vemos como a união de esforços e não de um sobrepondo-se ao outro.

Um outro trecho diz que "Antes, o foco era na campanha e o RP era o fim da cauda da raposa. Agora, ele vem primeiro, para ajudar na formação de opinião e iniciar o buzz que a publicidade irá seguir". Se antes a publicidade foi importante (e de fato foi) em tempos de consagração das marcas e ganhos de posicionamento destacado, hoje sabemos que a publicidade não pode mais agir sozinha e nem prescindir das Relações Públicas em uma atuação conjunta, em prol de um trabalho de comunicação completo e estratégico essencial para as empresas atualmente. Como a frase abaixo, que a página Espalhe compartilhou:


Vejo isso não como uma queda da publicidade, mas sim que, comparado a outros tempos, Relações Públicas tem grande valor tanto quanto, ou até mais, em virtude dos tempos atuais em que vivemos, onde reputação, imagem e posicionamento estão tendo novas roupagens perante a visão do consumidor, que não aceita (e não acredita) mais que as empresas falem por si, ele quer falar e quer ouvir os seus semalhantes falarem de igual maneira.

Sabemos (e é quase palpável) o quanto as Relações Públicas vêm crescendo, e o cenário das redes sociais ajudou muito nesse processo, como Richard Edelman comenta na entrevista. Nesse sentido, também ouvi das entrevistadas de quando eu fiz meu trabalho de conclusão de curso (eram RPs, que trabalham há mais de 3 anos com comunicação digital), agora é a hora de RP se firmar como estrategista da comunicação, de consagrar sua posição perante a área da comunicação como um todo.

 E aproveitando o ensejo da entrevista e desta discussão, gostaria de comentar uma realidade que constatei há uns dias, na ocasião em que fui falar sobre RP em uma turma de primeiro semestre do curso de comunicação, na disciplina de introdução a comunicação. Trata-se de uma realidade totalmente oposta de quando eu, por exemplo, entrei na faculdade. Se antes a maioria eram alunos de Publicidade e Jornalismo, agora isso se inverteu: nesta turma em questão, de 60 alunos (vou arredondar) 25 eram alunos de Relações Públicas, 25 de Produção em Mídia Audiovisual (um curso que vem crescendo muito também) e os 10 restantes se dividiam entre alunos de Publicidade e Jornalismo.

Não quis falar disso por um intuito de competição, claro que não. Apenas que devemos estar atentos e saber essas realidades da nossa área, e também por constatar o quanto de fato a área de RP vem adquirindo reconhecimento, não só por parte do mercado em si, mas também, agora, na área acadêmica.

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