Entrevista 2: Relações Públicas online

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Como ontem eu comentei, irei postar as entrevistas que fiz para a pesquisa do meu trabalho de conclusão. A primeira das 5 entrevistas foi a da Carol Terra e hoje será postada a da RP Marcia Ceschini.

Para quem quiser saber mais sobre como foi o processo de amostragem, que chegou nesses 5 nomes, podem acessar o meu trabalho na íntegra nesse link.


Marcia possui formação (graduação, pós e especializações): bacharel em letras e, em seguida, fez Relações Públicas. Especialista em Marketing, pós-graduação. Estudiosa das comunicações digitais desde 2006.
Empresa onde atua e em qual setor (área): Chilli Comunicações. Parceira da Chilli, fazendo a parte digital. Tinha a própria consultoria, mas o pessoal da Chilli a chamou para fazer a parte digital, para fazer as estratégias junto com o pessoal de comunicação offline. Fazem de tudo, por isso se chamam comunicação 360º, englobam tudo que é de comunicação.

Como surgiu o interesse pela área digital e como você acabou ingressando nessa área? 

Foi nos primórdios da Internet. Eu casei em 97, e meu marido fazia faculdade de administração de banco de dados, e ele voltava da faculdade e ia fazer os trabalhos na Internet, quando, então, ele me mostrou a Internet. Fui pro chat do UOL, e comecei a ver que aquilo era um canal de comunicação. Comecei a ler as revistas INFO dele, revistas de tecnologia...e comecei a gostar dessa parte. Ainda não tinha uma atuação. Era mais uso. Comecei primeiro como usuária e fui acompanhando essa inovação. E aí o que aconteceu: 2006 começaram a surgir as redes sociais. Mas primeiro surgiram os blogs, em 1997. Em 98 eu fiz um blog, ainda no portal do Comunique-se. Mas eu achava uma comunicação muito estática, as pessoas não comentavam. Então eu abandonei o blog. Depois eu acabei fazendo um outro tipo de site no UOL de RP. E na pós-graduação, em 2006, os blogs tiveram uma importância muito grande no que é agora a nova comunicação, porque os blogueiros começaram a ser referência, começaram a ser informadores do que estava acontecendo. Então era assim: na minha pesquisa pra mono: vinha a informação pro blog, 3 a 4 dias depois ia pros portais e 1 semana só depois ia pra mídia impressa. Ou seja, tinha um delay muito grande que hoje não tem mais. Então os blogs... o que acontecia: eles começaram a pesquisar blogs de outros lugares, tinha muita referência, e eles começaram a compartilhar...começou aí essa questão de compartilhar conteúdo. E eles passaram a ser nossos informadores. E eu comecei a ver que era um canal. Eu comecei a estudar, e as redes começaram a ter mais volume. E de 2009 pra cá é que começou a se profissionalizar essa questão do digital.

Como Relações Públicas com experiência na área digital, quais as funções e atividades que você realiza especificamente?

Eu não sou mais só RP, sou especialista em Marketing, então eu tenho assim: você faz toda aquela aula de planejamento, que geralmente a gente não gosta na faculdade, e é super importante. Porque você tem que fazer uma análise de cenário, tem que saber quem é o público com quem você vai falar. E é mais de um público. Que linguagem você vai adotar, o que você vai publicar. Então são informações estratégicas...então eu atuo como planejamento estratégico de comunicação, que não envolve só relações públicas, mas envolve uma linguagem publicitária. Como eu tenho experiência, eu trabalhei em agência de propaganda também, trabalhei em veículo, então eu tenho uma gama maior de informação pra trabalhar isso. Se eu fosse definir a essência do meu trabalho lá, é relações públicas puro...porque é relacionamento. Tanto para o que a gente presta para os nossos clientes, tem a equipe que trabalha comigo, a equipe é focada pra trabalhar em cima de relacionamento: ser cordial, responder quando falam conosco, a gente foca em relacionamento. A gente procura trabalhar não só falando da empresa, mas do universo que ela atua.

Como acontece o mapeamento, estudo e monitoramento dos públicos de interesse de determinadas áreas de atuação das empresas (clientes) no ambiente digital? 

Como eu falei, já é previsto no planejamento de comunicação que é feito para o cliente. Quem nós vamos seguir? Às vezes vem uma pessoa que não é da área do cliente, mas ela é interessante, então a gente retribui o follow. É uma relação sempre direta com quem segue. É dentro do universo de atuação desse cliente, por exemplo, a gente tem um cliente que vende presentes finos, então a gente segue quem: arquiteto, decorador, organizador de evento. E de monitoramento, nós trabalhamos com uma ferramenta paga, chamada Live Buss, que permite que você monitore Facebook, Orkut, comunidade aberta, blogs, twitter e o Yahoo, e o Flickr. Onde a pessoa mencionou o cliente, a gente cadastra as palavras-chave, então o programa faz o mapeamento pra gente.

Como é realizado o planejamento para fins de relacionamento online entre empresas (clientes) e seus públicos? 

É basicamente dentro do foco de atuação. Se a gente atende um salão de beleza, a gente vai falar tudo de beleza. Seguir revistas de moda, lojas de sapatos, de roupa, blogs de dica de beleza, e é seguido por pessoas que gostam do salão. Mas fazemos um trabalho dentro do universo de beleza, porque um salão de beleza não é só cortar cabelo e fazer unha, tem as revistas de fofoca, que a cliente vai lá e vê, então a gente faz todo esse universo.

Para você, qual a importância de ter um Profissional de Relações Públicas à frente do planejamento e coordenação das atividades de relacionamento e fomento de conteúdo digital entre empresas-públicos? 

Eu diria que não só no digital. O RP é essencial em tudo. Nas minhas palestras eu falo para as pessoas: no mundo ideal, é interessante que tenha profissional de relações públicas, de publicidade, de jornalismo e de marketing trabalhando junto. Mas o que acontece? Pelas necessidades de mercado, eles procuram um profissional que tenha tudo isso. Por exemplo, RP não é preparado para fazer publicidade, não tem talento. Claro, isso no geral. Estamos na era do compartilhamento, do crowdsourcing, então é você juntar talentos para fazer uma comunicação melhor. Eu sou a favor de que sim um RP possa chefiar uma equipe de comunicação. Sempre falo nas palestras: não se limitem a ser contratados como relações públicas, porque RP cabe em todo lugar. Em qualquer lugar onde a comunicação não flui, você cria qualquer coisa que é uma comunicação. E é super importante, porque nós temos uma visão, ao contrário das outras matérias – não desprezando, porque eu dou valor a todas – nós temos a visão plena do cliente, do público envolvido, da empresa, da imagem da empresa, então nossa visão é mais ampla, então esse é o ganho para nós.

Especificamente, a partir da sua visão e experiência, qual é a função de um Relações Públicas frente ao cenário digital?  

Quando o cenário digital começou, eu comecei a falar para o pessoal da nossa área: se nós não aproveitarmos este momento, RP vai acabar. Porque assim, falando no que a gente começou falando, RP tem uma bibliografia defasada, tem uma atuação profissional estacada, ainda tem profissional pensa que fazer comunicação é fazer house organ, é fazer evento, e nós fazemos um trabalho muito mais abrangente do que isso, nós fazemos gerenciamento de marca, junto como pessoal de marketing, trabalhamos a imagem institucional da empresa. E uma outra coisa que eu acho essencial para um profissional de relações públicas é ética.

Conte como foi o processo de criação, planejamento, execução e avaliação de um case de comunicação digital específico em que você atuou ou participou, e que a atividade de Relações Públicas foi fundamental para o êxito de tal campanha: 

Um exemplo recente, que já está no nosso blog, da Chilli, a gente fez uma ação pontual pra Lupo, que a fábrica é em Araraquara. Do lançamento do “Neimar agora é Lupo”. Foi uma ação pontual, naquele final de semana, monitorou quando o Neimar fosse mencionar que ele era Lupo, e a gente criou, junto com a G2, que é a agência oficial da Chilli, mini vídeos sobre, tipo um making of da campanha, então em uma semana teve mais de 160 mil acessos no vídeo, e a gente mostrou pro cliente o relatório dessa ação, quantos seguidores ele ganhou no final de semana – porque foi um trabalho basicamente de 5 dias – em termos de número, é um caso de mais número. Também teve a Guedes Alumínio, que é uma fábrica local, que fazem caneca. Fizemos o site para eles, e eles queriam fazer uma ação pra trazer gente para o site. Então o que a gente fez: o sorteio, de uma choppeira de 4,2 litros e uma caneca de 1 litro, personalizada, e assim, no primeiro dia já teve 26 pessoas visitando, a pessoa tinha que visitar, deixar os dados no site, e falar qual caneca quer. São ações que você faz, e só dar certo se tiver o engajamento, se quem vai consumir aquela comunicação vai se interessar por ela.

Na empresa ou agência onde você trabalha (trabalhava) há um reconhecimento de que o profissional de Relações Públicas é um grande indicado (talvez um dos mais preparados) para a atuação online por parte da diretoria e colegas? Por quê?

Tem. E assim, a gente usa isso como diferencial competitivo. Pois falamos que somos uma equipe multidisciplinar, tem relações públicas, tem jornalista, tem publicitário, tem estrategista, então eles não só valorizam, como eles fazem questão.

E para finalizar, (na sua opinião), para um profissional de Relações Públicas poder atuar a frente da área digital, qual a formação e conhecimento que ele precisa ter para desempenhar esse tipo de trabalho?

Seja comunicador, não podemos nos limitar a ser publicitário, ser jornalista, a gente tem visto que o mercado faz com que você seja comunicador. Você vai além da sua área de formação. É possível, por exemplo, que você seja relações públicas e faça trabalho de assessoria de imprensa digital. A pessoa deve ter em mente que ela é um comunicador, tem que falar mais de um idioma, aquela questão da curiosidade profissional, estar a par de tudo, e gostar. Eu trabalho 12 a 14 horas por dia com internet e ainda chego em casa e vou estudar. De um dia pro outro aparecem muitas coisas nessa área, então você que trabalha com digital não sabe, então quem vai saber? O desafio é diário.

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