Categorias: área de RP , Ética , governo , Lei nº 5.377 , marketing
Vamos iniciar os trabalhos como colaboradora do blog trazendo um assunto que pode ser pertinente a muitos estudantes e profissionais de Relações Públicas.
O ano de 2011 se inicia com mudanças no nosso cenário político (mulheres no comando!) e é importante ficarmos de olho para ver o que os nossos representantes estão fazendo por nós. Está tramitando no Congresso desde 2007 um projeto de lei do Deputado Felipe Bornier PHS/RJ que visa regulamentar o exercício do profissional de Marketing.
Pois bem, sabemos que muitos profissionais de Relações Públicas, além de publicitários, jornalistas e de outras áreas, atuam na área do marketing, que, aliás, é multidisciplinar. Esse PL é polêmico, uma vez que delimita a denominação de profissional do marketing somente a quem possui diploma de curso superior em Marketing reconhecido pelo Ministério da Educação, diploma de pós-graduação lato sensu em Marketing ou ainda quem possuir experiência comprovada de sete anos na área.
Ainda, no artigo 3º, sub-item 3.1, alínea “o” são citadas as ferramentas de trabalho que o profissional do Marketing poderá utilizar e, por incrível que pareça, há a ferramenta de Relações Públicas (vale lembrar que a nossa profissão é regulamentada pela lei n° 5.377/67), além de assessoria de imprensa, pesquisas qualitativa e quantitativa, internet, mala direta, entre outras. O curioso é que as Relações Públicas já estão habituadas a trabalhar com essas ferramentas, não é?
Vale destacar que o Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas – CONFERP está se posicionando contra o projeto de lei e eles ressaltam que a inclusão de Relações Públicas na regulamentação do profissional do Marketing é inconstitucional, uma vez que a nossa profissão já é regulamentada.
Cabe a nós, ficarmos atentos e ver o que acontece lá na Câmara dos Deputados.
Acho que vale a pena dar uma lida na integra do projeto de lei: aqui.
Marketing para mim é Produto e RP é relação! Somos complementares, não concorrentes.
Olá Michele! Ótimo texto, ainda não tínhamos trazido este assunto para o Blog!
Acredito que estas ações que citaste realmente são inconstitucionais, uma vez que a nossa profissão é regulamentada e única que dispõe de um conselho dentro da área da comunicação, e acho que parte do conselho tomar partido. Temos que ficar de olho nesse projeto de lei.
Beijos
Em relação ao comentário da Roberta, concordo até certo ponto, somos parceiros no dia-adia, mas acredito que marketing é mais venda do que relação, relação é relações públicas. É claro que ambos no dia- a-dia podem praticar os dois, venda e relação, mas é importante para a profissão de rp, hoje regulamentada, que estas ações se mantenham ao menos no papel específica do profissional, pois isso já fora conquistado.
Se nos tempos de hoje o marketing é mais multidisciplinar, ok! Mas é importante nos valorizarmos e defendermos, não no dia-a-dia, isso podemos mostrar através da prática.
Entendo quando dizem que RP é uma ferramenta, creio que queiram dizer que fará parte do planejamento estratégico ações de Relações Públicas, o que deveria então ser desempenhado por um profissional da área conforme a regulamentação.
O problema é pessoas que não entendem a diferença entre comunicação, marketing e ações de relações públicas votarem um projeto de lei como esse.
É mesmo preocupante.
Gostei do post, pois não sabia da existência dessa lei. É lamentável que haja essa "briga" de espaço entre MKT e RP. Atualmente, em qualquer profissão é preciso ser multidisciplinar, mas respeitando os limites de cada área... E isso não está acontecendo pelo jeito!
Só para complementar, Felipe é um projeto de lei que pode ou não ser votado, mas como a Dani disse, é uma situação preocupante.
Os caras de marketing afirmam que RP é ferramenta de marketing. Alguns de nós preferem a emancipação, porém, como diz os mestres Fábio França e Maria Ap.ª Ferrari: "nós temos que mostrar o quanto somos capazes e não ficar brigando por quem faz o que."
Mas creio que essa "briga" de quem faz o que é antiga, desde da assessoria de imprensa com os jornalistas. Nesse caso tanto o marketing quanto RP são capazes de realizar uma ação estratégica, depende da necessidade da organização e a capacidade do profissional.
Cintia, claro! exatamente isso que quis dizer, RP é uma coisa e marketing é outra! Não precisamos disputar espaços enquanto fazemos coisas diferentes. Nós ajudamos o marketing quando definimos conceito para o produto! Mas como disseram nos comentários, toda esta situação ocorre por falta de entendimento do que é cada área! lamentável.
A inclusão de atividades como ferramentas de marketing não apenas é importante como necessária e, até mesmo, obrigatória. Caso contrário, alguém que exerce uma dessas profissões poderia alegar que não recebe orientações e, muito menos, determinações de um profissional de marketing.
O profissional de marketing é um gestor com visão sistêmica da organização e tem por missão gerar lucratividade para a sua empresa através da oferta e venda de um produto ou serviço criteriosamente elaborado para um público-alvo selecionado. Para que este produto ou serviço possa chegar até o consumidor final, o profissional de marketing deve gerenciar, o desenvolvimento do produto,, a comunicação integrada, a logística (da chegada da matéria-prima à entrega ao consumidor), as vendas e o relacionamento com o cliente. Isto implica incluir ordens explícitas a uma série de profissionais regulamentados de outras áreas que deverão atuar subordinados ao plano estratégico de marketing para a organização e seus produtos.
Não incluir uma ou outra atividade poderia gerar rebeldia ao planejamento feito por um profissional de mercado. Um designer (parte do processo de comunicação integrada) poderia dizer "desculpe, mas, de comunicação visual entendo eu. Não preciso nem aceito seu briefing. Vou comunicar do jeito que me der na cabeça sem dar a mínima para o que a organização quer comunicar, porque sou designer e mando no que faço exercendo minha profissão". Do mesmo modo um profissional de Relações Públicas poderia se negar a comunicar a imagem institucional da empresa do modo que lhe foi determinado por achar errado, já que só entende de RP quem é formado em RP.
Isto só demonstra falta de conhecimento, visão organizacional e inteligência.
Design, webdesign, RP, publicidade, mercahndising, marketing direto, são todos ferramentas da comunicação integrada de marketing que é gerenciada por um(a) profissional de marketing. Ele (a) é quem está apto (a) a identificar o propósito organizacional e, a partir dai, selecionar um público-alvo e definir qual produto será oferecido e como será comunicado e entregue ao consumidor. Não há conflito de atividades. Há subordinação.
O profissional de marketing é quem vai decidir qual a imagem institucional que o RP deve transmitir pelo site, por eventos e outras formas definidas pelo planejamento de marketing obedecendo aos propósitos estratégicos da sua organização. Para isso o profissional de marketing estudou; para reconhecer o propósito da organização, para elaborar uma estratégia que a leva a atingir este propósito e para definir quais meios e táticas (de que forma) eles serão empregados para que a empresa alcance a posição que deseja. E ele, o profissional de marketing, faz isso por meio de briefings e determinações explícitas contidas no plano de marketing enviado aos especialistas regulamentados (ou não) de cada área.
É ridículo imaginar que o profissional de marketing começará a usar esta lei para fazer design, trabalhar como Relações Públicas, publicitário ou engenheiro de produção. Ele - profissional de marketing - precisa apenas que a lei lhe dê respaldo que lhe garanta cuidar dos interesses estratégicos das organizações sem que profissionais das demais áreas se rebelem reivindicando autonomia profissional.